terça-feira, abril 08, 2008

A luz

Ela chorava
Estava triste, só
Caminhava pela floresta, quando de repente viu uma luz muito forte,
Sentiu o intenso calor nas costas,
E percebeu que algo de grandeoso a seguia e passaria por ela
Viu a própria sombra caminhar mais rapido à sua frente
E a esperança de um sorriso, iluminou por alguns segundos a sua mente
Enchogou as lágrimas à manga esquerda da camisa, que agora estava completamente colada ao seu corpo
E abrandou o passo
Os pés descalços e cansados armazenavam pequenas pedrinhas e a poeira de uma vida, ainda que curta, decorava-os juntamente com o sangue que ia perdendo
Estava triste, mas não estava só
O clarão acompanhava-a
O que seria?- questionou-se
E sem dar conta, a luz tomou conta de todo o espaço à sua volta
Não podia agora enchergar nada
Sentia muito calor
O branco e o amarelo tomavam conta dos seus olhos castanhos
O seu coração estava muito acelarado
Teve medo
Parou e perguntou alto: Quem és tu?
O silêncio era tão grande que conseguia ouvir as gotas do seu suor,
uma a uma escorrendo pelas suas pernas e acabando por morrer no chão de terra batida
Fechou os olhos
Respirou fundo e sentou-se
Não valia a pena ter medo
Aquele não seria um fim
Abraçou com os dois braços o ramo de flores que trazia e mergulhou a cara nas pétalas
Que bom, que conforto
Um vento muito leve passava de vez enquando, afastando o aconchego que sentia
Ela sabia agora quem era
A primeira lágrima caiu sobre as flores
Ficou ali uma vida

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